Como qualquer ramo, o joalheiro tem suas feiras de negócios e a H.Stern participa há vários anos de algumas delas. Uma das mais importantes e a maior do Oriente Médio é a Jewellery Arabia, que aconteceu no reino do Bahrein, de 17 a 21 de novembro passado.
Num ambiente predominantemente masculino, escalamos nossa diretora Stephanie Chassagne para registrar suas impressões. Eis o que ela nos contou:
“A feira é enorme. Estávamos no hall mais importante, do lado de grifes como Patek Philippe, De Beers e Cartier. No dia anterior da abertura, segunda, chegamos muito cedo e só saímos às 11h da noite, famintos. Só então me dei conta de que não tínhamos comido nem bebido nada o dia inteiro! No ônibus que nos levava de volta ao hotel, eu era a única mulher.
Às 9h do dia seguinte, quando a feira abriu, já estávamos lá. O horário da manhã era reservado para o príncipe Khalifa bin Salman Al Khalifa, seus acompanhantes, sheiks e ministros. Ninguém entra com eles. Esteve no nosso estande o ministro das Relações Exteriores, Khalid bin Ahmed Al Khalifa. Nos contou que ficou um mês no Brasil, visitou São Paulo, Foz do Iguaçu, Ilhéus, Salvador. Adorou. Diz que pretende voltar. Estão todos animadíssimos com a Copa do Mundo. São, como nós, apaixonados pelo futebol.
Nossas joias fazem sucesso no Bahrein. Eles gostam de peças grandes, como as Rock Crystal e Rua das Pedras. E gostam principalmente de nossos preços, que acham bem acessíveis. São excelentes negociadores! Passou pelo nosso estande um cliente que comprou um jogo de joias: é tradição deles presentear a filha que está se casando com um colar + brincos + pulseira + anel de diamantes. Essa tradição bem que a gente poderia adotar no Brasil, né? Já pensou? Ganhar tudo isso do paizão?
As mulheres que circulam pela feira podem ser divididas em dois grupos: as que estão vestidas como ocidentais, algumas até muito sexy, e aquelas que estão cobertas por uma burca – um contraste interessante. Eu diria que são meio a meio, entre roupas ocidentais e burca. Usam marcas das mais modernas: sapatos Louboutin e bolsas Hermés (todas têm a Kelly original). As mulheres de burca da Arábia Saudita só mostram os olhos. De burca, mas com o rosto visível, são geralmente do próprio Bahrein. Falam um inglês perfeito, andam em grupos só de mulheres ou estão a alguns passos atrás do marido.
No Bahrein, ninguém anda na rua. É muito quente! Eu me queimei só de ficar uns poucos minutos na fila de entrada da feira! No terceiro dia, das 10h às 13h, só são permitidas mulheres na feira, embora haja homens vendedores nos estandes. Como muitas mulheres não saem sem os maridos, elas ali ficam mais à vontade e têm a sensação de liberdade, mesmo estando dentro de um prédio. Olham, olham, mas não compram nada. Voltam depois, com o marido, que é quem paga a conta. Elas escolhem, sempre. Eles pagam.
Dizem que, no Irã, quando estão em ambientes femininos, as mulheres tiram a burca e são produzidíssimas, com maquiagem e roupas coloridas, grifes e mais grifes. Mas na feira do Bahrein, elas não tiram a burca, não experimentam nada e às vezes me pedem para eu colocar uma joia para verem como fica. Elas preferem os colares longos, que usam por cima da burca, ou anéis, que dá para ver apesar da roupa. Sim, elas adoram joias. São, enfim, vaidosas como todas nós!”