Colar Purãngaw: muita história pra contar
13 de Janeiro de 2011

 

Colar penas Purangaw

Joias têm história. Muitas vezes ela começa quando a pessoa compra a joia e, dali pra frente, passa a colecionar momentos, memórias. Mas tem também a história do design da peça. E de quem usou uma igual…  A pedido da blogueira e tuiteira Juliana Ozol, a @juozol, que viu o colar Purãngaw numa vitrine, se apaixonou, fotografou e tuitou, vou contar uma história onde ele foi protagonista.

O colar integra a coleção Purãngaw, lançada ainda em 1994. Incrível como algumas joias conseguem atravessar o tempo sem perder a atualidade, né? A coleção ganhou várias versões ao longo dos anos. Não tinha só penas, mas também peças inspiradas em botoques, sementes, chocalhos, pinturas corporais, trançado de palha, enfim…  no incrível universo cultural das muitas tribos brasileiras. 

 

 

Naomi Campbell com colar Purangaw

 

Purãngaw, do guarani “poranga” e “porangaba”, significa beleza e felicidade.  Além desse colar maior, com penas de ouro amarelo e rosa, há também menores, vários modelos de brincos, pendentes e pulseiras. Naomi Campbell  usou o colar na festa de lançamento, no Museu do Ipiranga, em São Paulo, onde uma floresta de plantas, fogueiras e comida servida em cuias de casca de coco esperavam os convidados. Ali aconteceu um desfile histórico que, graças ao sucesso, ajudou a abrir caminho para o surgimento das semanas de moda no Brasil. 

Mas a história que eu queria contar envolve Carlinhos Brown. Ele queria usar uma joia no palco de uma das edições do MTV Awards, já não lembro mais qual, mas era no final dos anos 90. Mostramos o colar de penas Purãngaw e ele se encantou. Mal fechava no pescoço dele, claro. Pois foi só ele começar a pular no palco para o colar despencar no chão. Eu vi, de longe, que ele abaixou e pegou na mão, sem perder o ritmo,  continuando a cantar.

Terminada a apresentação, no backstage, Brown não queria devolver o colar. Dizia que nunca tinha usado nada de ouro na vida e que tinha adorado a sensação. Eu falava pra ele: “Mas Brown, caiu no chão, vai ver o fecho está quebrado”. E ele: “Nãaaao! Fui eu quem não fechou direito… “. Ele dizia que queria o colar porque tinha a cara dele. E eu só pensava que cara eu teria quando voltasse pra empresa sem a joia! Ai ai ai…

Dia seguinte, liguei pro chefe, Roberto Stern. E, em vez da bronca que eu achava que tomaria, ouvi do outro lado da linha: “Mas se o Brown acha que um colar indígena tem a cara dele, por que não fazemos uma coleção que realmente tenha a cara dele?” E foi assim que surgiu a coleção inspirada no mundo miscigenado do querido omelete man Carlinhos Brown – outro estrondoso sucesso. Mas esse é assunto pra um futuro post, né?

 

Purangaw

Por: Roberta Rossetto

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