Nessa época do ano, sempre me perguntam sobre perspectivas da moda para um o futuro próximo. Não raro, costumo responder que o grande barato da moda está justamente no seu poder de transformação, na capacidade que ela tem de nos surpreender como reflexo de tantas mudanças sociais, que vivemos numa velocidade impressionante no começo deste século, com a indústria do fast fashion inclusive. Ela incorporou as tendências da moda de luxo, acelerou o lançamento de novidades e espalhou essas novidades pelo mundo por preços tão acessíveis que sustentam a democratização da moda, globalmente. Qualquer camisetinha hoje tem um elemento fashion e isso revela o alcance da indústria da moda.
Aliás, ela sempre continuará traduzindo a impermanência do mundo_já que tudo muda o tempo todo. Coisas que você diz que jamais usaria, por exemplo, pode até a vir a usar. Para quem precisa desse tipo de projeção, de imaginar o futuro, a próxima década, a maior “novidade” não chega a ser surpresa, muito pelo contrário: mesmo com padronização de alguns comportamentos sociais, com crises de toda ordem _ ética, moral ou econômica_, com a hiperinformação via tecnologia ou a reflexão sobre uma nova ordem mundial, a roupa _e a moda_ permanecerão como elementos fundamentais que nos dão consciência de que somos todos seres únicos.
A moda, a roupa e, claro, as joias que usamos revelam quem somos de verdade. Como não apreender algo, por exemplo, de uma mulher que usa um anel da coleção Pedras Roladas ou um brinco Galilei? Impossível. Nossas escolhas _diante das infinitas alternativas da moda_ revelam nosso caminho para individualização que, em tese pelo menos, garantiria uma habilidade para socializarmos uns com outros, vivermos melhor coletivamente. Isso sempre vai estar na moda.
>>>Costanza Pascolato