O fundador da H.Stern, Hans Stern (1922 – 2007) deixou um enorme legado, que não se resume apenas à construção de uma empresa e uma marca forte, conhecida internacionalmente. “Seu Hans”, como era carinhosamente chamado, também deixou para a posteridade sua coleção de turmalinas, a maior e mais importante do planeta.
Hans era apaixonado pelas turmalinas, principalmente pela infinidade de cores dessas pedras. Lembra de ter estudado na escola sobre o bandeirante Fernão Dias que morreu achando ter encontrado um punhado de esmeraldas quando na verdade tinha encontrado turmalinas verdes? Pois bem. Além de verdes, há amarelas, vermelhas, pretas, rosas, azuis, todas as cores em dúzias de tons.
Havia a paixão de Hans, claro, mas a colecão começou por necessidade: como a empresa lidava com pedras, era preciso treinar funcionários para classificá-las, de forma a não cometer os mesmos erros do bandeirante. Era preciso estudá-las em laboratório gemológico para atestar a veracidade e qualidade, pois o olho humano pode ser traído. Então, para facilitar os trabalhos, o funcionário Mucio Gomes de Meira começou a juntar pedras diferentes formando uma cartela de cores. Mucio foi o segundo funcionário a ser contratado pela H.Stern, logo após à secretária Dirce – ambos atravessaram a vida na H.Stern e se aposentaram na empresa. Foi ideia de Mucio guardar as pedras numa caixa, a essa altura já existiam perto de cinquenta delas.
Quando um gemógolo estrangeiro passou pelo Brasil, Hans chamou Mucio e pediu-lhe para mostrar alguma coisa diferente, alguma pedra exótica. Mucio apareceu com a caixa, que Hans ainda não tinha visto. O gemólogo quis mostrar que sabia das coisas e foi nomeando: rubi, esmeralda… traído pelos olhos. Quando soube que eram turmalinas, todos riram. Desde então, a caixa passou a ser mostrada a todos os visitantes. E Hans deu carta branca para que funcionários em viagem comprassem qualquer turmalina diferente daquelas já existentes na coleção. Ele mesmo passou a ser um caçador de turmalinas, investindo e rastreando até que a coleção chegasse às espantosas 971 pedras de hoje. Sim, a maior coleção de turmalinas de que se tem notícia.
Hoje, a coleção pode ser vista no espaço cultural H.Stern, na sede da empresa, em Ipanema, Rio de Janeiro.
Por: Roberta Rossetto (com colaboração de Cesar Rebello)
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