Já escrevi aqui que, quando descemos do salto, o mundo nos parece mais acessível, apesar de, pessoalmente, acreditar que quanto mais alto o salto e mais caro o sapato, melhor. Afinal, é virtualmente impossível ser elegante sem saltos altos. Nas últimas estações, entretanto, os saltos têm chegado a lugares inimagináveis, com tombos memoráveis como no desfile da Burberry, no mês passado, em Londres, ou na quase-queda fabulosa da excêntrica Daphne Guinness nas escadarias da St. Pauls Cathedral, num tributo a Alexander MQueen.
Por essas e outras, compradores influentes e poderosos de grandes lojas como a Selfridges ou a também inglesa Harvey Nichols garantem que o salto stiletto perde a soberania extrema na próxima primavera europeia, que terá lindas opções de “flats”, salto zero, como se viu em coleções como da Chloe e da Lanvin.
Vida prática: baixos ou altos, ao comprar sapatos, faça o que seu coração mandar e pense no custo-benefício do investimento. Nada de economias espertinhas ou de cair na tentação de quantidade em vez de qualidade. Aliás, todo esforço será recompensado quando resistir bravamente à armadilha de querer muitos e não apenas o melhor dentro do seu orçamento. Um bom sapato vale mais do que três não tão legais, ainda que bem mais em conta. Você está adquirindo, afinal, a base do seu estilo. Escolha o que lhe parece mais sedutor. Pior que a falta de elegância, no entanto, é a dor que eventualmente pode sentir depois de algumas horas sobre saltos vertiginosos. Tenha sempre muitos band-aids na bolsa e, se possível, um calçado mais confortável, uma sandália baixa. Sem neuras. Eu mesma já usei de tal artifício só para chegar, entrar bem numa festa, de saltão, e depois, lá dentro, calçar algo mais confortável – não menos elegante – quando as atenções já estivessem mais dispersas.
Foto: Costanza e sua filha, Consuelo. Elegantes, de salto flat
>>> Por Costanza Pascolato